quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

JOÃO FORTE


     O nome dele era João Forte. E diziam que era tão Forte que quando tinha um ano de vida ficou gravemente doente, era aquela bronquite das bravas, mas ninguém se preocupou, afinal, ele era o Forte e se curou sozinho.
                Na escola ele vivia rodeado de pessoas. Só de pessoas, não de amigos. Ele é o Forte – diziam – não precisa de amigos.
                E as namoradas? Teve várias. Várias que só estiveram com ele quando precisavam de fortaleza. Várias namoradas, mas nenhuma amante. Ele é o Forte – elas falavam - não precisa de amantes.
                E um dia, já velhinho, o Forte saiu de casa e foi ao bar, bebeu, bebeu, bebeu, bebeu... E alguém falou:
                - Tirem a bebida dele!!!!!
                  Ele é o Forte – um coro respondeu – nenhuma bebida vai o derrubar.
                E o Forte saiu do bar, meio cambaleando, quase caindo. Mas ele era o Forte, deveria só estar brincando.
                E o Forte entrou em um ônibus. Estava meio fora de si. Xingou, cuspiu, empurrou os passageiros.
                - Sai pra lá cachaceiro, vai pra casa, seu velho – gritaram. E bateram nele também.
                -Gente, coitado, ele não está bem!
                Mas alguém falou que ele era o Forte, que ele iria ficar bem.
                E o Forte, com a cabeça erguida, desceu do ônibus. E, com a cabeça erguida, andou pela rua. E voltou pra sua casa. Sua casa vazia, a casa do Forte. Deitou na sua cama e chorou copiosamente... Chorou, chorou, chorou, chorou. Mas ele era o Forte e ninguém se preocupou... Ele era o Forte, não forte. Mas, ninguém se preocupou e, dessa vez, ele não se curou. 

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