segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O Fim do Mundo


      "Menina linda, eu te adoro...” ·.
                Essa era a música que tocava no momento em que adentrei no salão... Pessoas dançando, cantando de olhos fechados, provavelmente relembrando os saudosos tempos passados.
                Fui entrando de mansinho, acanhado. O dia tinha sido complicado, tenso. Os problemas martelavam em minha cabeça.
                Mas que dádiva é a música. Que dádiva é a dança! Conforme ia me misturando com as pessoas do salão, dançando e cantando com elas, meus problemas iam se distanciando de mim, era como se eles não mais existissem.
                Chegou um momento no qual eu não sabia mais o que cantava, não sabia como dançava. Não ouvia, nem via nada. Mas tinha uma coisa que eu sabia: naquele momento eu era livre, era feliz. Quando eu berrava a letra da música e me remexia freneticamente, na verdade, eu queria passar uma mensagem ao mundo, queria dizer que ali ele não iria conseguir me derrubar. Ali eu era forte, era quem eu quisesse ser...
                "Eu perguntava, do you wanna dance?" - o cantor falava e eu respondia: "quero, quero, quero!". E foi assim a noite inteira. Uma vida. Um sonho. Uma pausa. Uma viagem. Um fim. Era que nem aquela música do Capital Inicial: "o mundo vai acabar e ela só quer dançar, dançar, dançar...". Esse era exatamente o meu caso. Era o meu lema da noite.
                Só que amanheceu. A música parou. Sai do salão ainda embriagado com aquilo tudo que havia me acontecido. Que noite fantástica!!! – eu exclamava ludibriado, sem perceber que enquanto eu dançava, o mundo realmente acabava.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

JOÃO FORTE


     O nome dele era João Forte. E diziam que era tão Forte que quando tinha um ano de vida ficou gravemente doente, era aquela bronquite das bravas, mas ninguém se preocupou, afinal, ele era o Forte e se curou sozinho.
                Na escola ele vivia rodeado de pessoas. Só de pessoas, não de amigos. Ele é o Forte – diziam – não precisa de amigos.
                E as namoradas? Teve várias. Várias que só estiveram com ele quando precisavam de fortaleza. Várias namoradas, mas nenhuma amante. Ele é o Forte – elas falavam - não precisa de amantes.
                E um dia, já velhinho, o Forte saiu de casa e foi ao bar, bebeu, bebeu, bebeu, bebeu... E alguém falou:
                - Tirem a bebida dele!!!!!
                  Ele é o Forte – um coro respondeu – nenhuma bebida vai o derrubar.
                E o Forte saiu do bar, meio cambaleando, quase caindo. Mas ele era o Forte, deveria só estar brincando.
                E o Forte entrou em um ônibus. Estava meio fora de si. Xingou, cuspiu, empurrou os passageiros.
                - Sai pra lá cachaceiro, vai pra casa, seu velho – gritaram. E bateram nele também.
                -Gente, coitado, ele não está bem!
                Mas alguém falou que ele era o Forte, que ele iria ficar bem.
                E o Forte, com a cabeça erguida, desceu do ônibus. E, com a cabeça erguida, andou pela rua. E voltou pra sua casa. Sua casa vazia, a casa do Forte. Deitou na sua cama e chorou copiosamente... Chorou, chorou, chorou, chorou. Mas ele era o Forte e ninguém se preocupou... Ele era o Forte, não forte. Mas, ninguém se preocupou e, dessa vez, ele não se curou. 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Isso é mais sobre amadurecimento

                Eleições! Lembro-me muito bem de quando era criança, meus pais militantes do PT. Toda aquela euforia, alegria, esperança!
                Aquela sensação de que o novo iria chegar, a igualdade reinar. O sonho acontecer.
                Lembro-me muito bem das carreatas, passeatas, panfletagens. Festas no comitê as sextas à noite...
                Era minha época preferida!
                Lembro-me muito bem de todos reunidos no dia anterior as eleições, cantando “amanhã será um lindo dia...” do Guilherme Arantes.
                Enfim, lembro-me Do dia, muito bem!
                Eu ia com meu pai até a urna. Eu apertava o número... Tecla confirma... E enchia-me de orgulho: fui eu que votei!!!! – como queria ter a idade para poder votar sozinha.
                E agora eu tenho, e agora não quero mais.
                E agora?
                Alguns podem dizer que a desesperança abateu-me.
                Outros cogitam que a esperança em algo melhor chacoalhou-me.
                Apenas acho que cresci.

 

 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Adultecer

   Nas minhas férias, logo após completar 18 anos, passei uns dias na praia. Estava meio encucada com a ideia de estar ficando velha...
    Por ter ido viajar a praia, local onde passei praticamente todas as férias da minha infância, lembrei de quando era criança... De como adorava o mar, se me deixassem ficava o dia inteiro na água e de como eu ficava brava com os adultos que não queriam brincar comigo lá. Sempre pensava: “quando eu for adulta, vou continuar assim, brincando no mar com as outras crianças. Não vou virar essa ‘coisa’ chata...”
    Porém, agora, uma infância inteira passada e uma adolescência quase chegando ao fim, não tenho a mesma vontade de entrar no mar...
    Meu primo e meu irmão insistem para eu entrar com eles... Mas eu só quero tomar sol.
    “Não, não... Será que estou envelhecendo?” Penso.
    Mas, como uma resposta, uma vontade súbita de entrar no mar me abate. E eu vou com eles. Nado, mergulho, me divirto... Até brinco.
    Que confusão toda essa?... Isso deve ser “adultecer”...

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sonho

Te Lembro
Te imagino
Escrevo e reinvento:
Teu olhar
Teu riso...
Um sorriso a mais
Uma palavra que não foi dita...
O sonho que se perdeu.

domingo, 22 de maio de 2011

FAÇANHAS

Subreptício era um pastor que acreditava em seu trabalho e o que ele mais admirava nas pessoas era a sua fé. Costumava trazer cada vez mais cordeirinhos para o seu rebanho com o seu poder de retórica e ababelava seus súditos com sua fala fugaz e seu jeito falaz.
         Possuía um fiel seguidor que se chamava zebróide, um homem que confiava e fazia tudo que o seu senhor mandava. Vivia feliz, por achar que estava fazendo bem à humanidade.
            Até que um dia seu mundo desabou. Zebróide descobre um terrível segredo de Subreptício.  A pessoa que ele mais admirava o tinha traído. Isso fez com que seu íntimo mudasse e que tomasse sérias providências: primeiramente mudou seu nome para Faquir, depois deixou Subreptício famigerado, logo em seguida usou seu abacamartado para matar Subreptício e por último, soltou uma risada maligna e disse: Agora eu serei o novo vendedor de utopias.


GLOSSÁRIO

Subreptício: Ilegal, ilícito, corrupto.
Ababelava: Confundir
Falaz: Enganador
Zebróide: Indivíduo estúpido, incapaz.
Faquir: Insensível
Famigerado: Má fama
Abacamartado: Arma de fogo

Feito por mim, Larissa Oliveira e Ketheryn.

sábado, 26 de março de 2011

Um Novo Tempo


          Eram exatamente duas horas e quarenta e seis minutos, eu estava dormindo como um anjo, provavelmente sonhava com flores e amores, sem imaginar que naquele exato momento algo terrível ocorria...
            Catorze horas e quarenta e seis minutos, Japão – sinônimo de medo e angustia. “Que tremor foi esse?” Ouvia-se dizer por aí. “Tô sentindo um aperto forte no peito” – falavam outros.
            Não deu tempo nem de raciocinar, logo o tão temido sinal de tsunami tocou. A correria foi intensa.
            Confesso que foi difícil de ver aqueles japonesinhos, todos sempre tão calmos, com aquele estupor estampado na face.
            Infelizmente o tempo parecia estar conspirando contra eles. Aquelas imensas ondas se aproximavam. Eles não tinham muito que fazer, exceto rezar... Rezar e...
            -PiPiPi – Meu despertador toca, interrompendo meus sonhos. Os primeiros raios de Sol começam a aparecer: era mais um novo dia para mim, e o tenebroso crepúsculo do fim do mundo para os filhos da “terra do sol nascente”.